Já me colocaram o apelido de Forrest Gump por que eu gosto de contar causos que me aconteceram (como o que contei ontem) ou que alguém me contou. Já que assim é a minha fama, deixe-me então deitar na cama (horrível trocadilho).
Certa vez um conhecido meu, carioca, narrou-me um acontecimento ocorrido quando ele veio morar em João Pessoa, capital da Paraiba. Em pouco tempo os filhos dele fizeram amizade com a criançada da vizinhança e o trânsito de pirralhos era intenso nas casas da rua. Um belo dia, esse meu colega ia sair com a família mas um garoto, filho de um vizinho, estava brincando por lá, ele pegou o telefone e ligou para o pai desse menino dizendo o seguinte (com aquele sotaque carioooca): “Amigo, será que você poderia vir pegar o seu moleque aqui em casa, porque nós vamos dar uma saida?”, o vizinho paraibano respondeu simplesmente “tá bom, tô indo!”, e foi.
Passaram-se alguns meses e o carioca começou a notar que nunca mais vira aquele garoto (filho do vizinho) brincando por ali, e percebeu também que o vizinho estava lhe evitando, sem sequer lhe dirigir uma palavra, ou responder-lhe os “bom-dia”. Ele então, sem entender, decidiu abordar o vizinho e resolver esse impasse, quando surgiu uma oportunidade perguntou: “Amigo, aconteceu alguma coisa ? porque você parece que está chateado comigo?” e o paraibano respondeu “Na verdade, eu fiquei muito ofendido, quando você chamou meu filho de moleque, ele é um menino bom, não tem nada de moleque”!
Pois é, aqui no nordeste, moleque é sinônimo de meliante, de menor delinquente e chamar um garoto assim é uma ofensa, esses regionalismos sempre me divertem e para quem pensa que eles só existem entre regiões, leiam o Dicionário de Cearês-Pernambuquês que eu postei em novembro passado – clique aqui.
Marcelo, duas coisas: Carioca não tem sotaque :) e Aquela frase não esta corretamente colocada no Carioques. O certo seria: "Po! Bró!, ssserá que tu podia pegar o teu moleque aqui em casa? é que a genti queria dar uma saida, falou?"