Este feriado, em uma de minhas reflexões ao volante (ótimo lugar para filosofar) percebi o quanto é importante para mim uma lição que meu pai me deu quando eu tinha apenas 8 anos de idade.
Havíamos acabado de chegar em definitivo ao Recife, e estávamos visitando o nosso novo apartamento que ainda passava por reformas, eu como sempre, muito curioso, não parava de correr pelos quartos a mexer em tudo, enquanto meus pais e minhas irmãs acompanhavam na cozinha a instalação dos armários pelo marceneiro. Na suite dos meus pais havia um closed, espécie de “quarto-guarda-roupa” entre o quarto e o banheiro, achei aquilo super-legal e fiquei brincando lá dentro, já fantasiando meu esconderijo secreto, quando de repente um vento mais forte fechou a porta, ainda sem maçaneta! Me desesperei, comecei a gritar, esmurrar a porta gritando por socorro. Aquilo de repente se transformara de meu esconderijo em um calabouço escuro e assustador, apesar dos meus gritos, ninguém vinha me ajudar porque o barulho das marteladas na cozinha abafava. Já estava rouco e com as mãos doendo, quando meu pai me ouviu e veio abrir a porta. Ele olhou pra mim e viu o misto de desespero e raiva em meu rosto, eu queria ter sido “salvo” antes! Ele então calmamente me disse: “Marcelo, por que tudo isso ? Deixe eu lhe mostrar um coisa.”
Ele então me puxou de volta para dentro do closed e se fechou lá comigo. Falou-me então: “Agora como vamos sair daqui?” eu disse “Vamos chamar a mamãe!” ele riu e disse “não, nós vamos procurar aqui dentro alguma coisa que possa nos ajudar a sair” haviam várias caixas da mudança lá dentro e em cima de uma delas a caixa de ferramentas dele, ele a abriu e retirou de lá duas chaves de fenda, testou a primeira no encaixe da maçaneta, muito estreita, a segunda ajustou-se perfeitamente, uma giradinha e pronto, a porta estava aberta. Ele virou-se para mim então e falou: “Meu filho, quando estamos numa situação difícil, o mais importante é nos mantermos calmos, o desespero só dificulta nosso raciocínio e faz com que percamos nossas energias. Lembre-se, sempre há uma saida, por mais complicado que seja o momento!”
Marcelo, esse na foto é vc mesmo??!!! Parece ser Matheus:)))
Marcelo, esse na foto é vc mesmo??!!! Parece ser Matheus:)))
Marcelo, eu adorei esse post. Também tenho boas memórias da minha vivência com meu pai. ;-) Uma verdade, quando aprendida, nos é útil para o resto da vida. Beijos, Ro
Nao posso deixar de falar sobre este post. Creio que estou num dos momentos mais críticos da minha curta vida e, sinto-me como vc deve ter se sentido no armário… só que nao grito. A liçao que seu pai te deu aos 8 anos, me serviu, agora, como esclarecimento… Como é a vida. Somos estranhos, entretanto uma lembrança sua me faz repensar sobre meu momento e meus valores… Obrigada.