Eu confesso, já tentei escrever um livro, na verdade um romance ambientado parte na França do início da 2ª Guerra Mundial, parte no Brasil da década de 80, não passei do primeiro capítulo, mas lembro que o escrevia na inocência dos meus 16 anos de idade como quem está escrevendo um roteiro de um grande filme, imaginando cenas e locações.
Pouco a pouco fui descobrindo o quanto meu vocabulário era limitado, descobri que sabia quase nada sobre a região da França que escolhera, e o mais importante, percebi que o trabalho envolvido em criar tramas, subtramas, personagens e manter o interesse do leitor eram tarefas acima da minha capacidade. Perceba que já àquela época existia em mim essa auto-crítica (e preguiça) que me faz não postar nove entre dez idéias que tenho para publicar aqui.
Ainda hoje guardo aquelas primeiras páginas digitadas em WordStar e impressas em impressora matricial. A sinopse do livro é bem legal, não lembro de ter plagiado nada, além de me inspirar nos filmes e livros sobre a segunda grande guerra que eu consumia aos montes sob a influência do meu pai que nasceu em 39 junto com ela. Ele tinha uma linda coleção de miniaturas Revell de caças daquela época, ainda hoje eu sei os nomes deles: Spitfire, Hurricane, Zero, Messerschmitt…
Mas voltando ao meu livro ele contaria a história de um jovem casal, recém casado que morava em uma pequena vila de maioria judia no interior da França, no primeiro capítulo esse casal cheio de sonhos e planos é logo separado pelos nazistas e seguem em caminhões diferentes para viverem destinos diferentes, ela vai para um campo de concentração e ele após um acidente na viagem com seu caminhão consegue escapar.
Um ano se passa e a esposa, ainda no campo de concentração, começa a ser admirada, e depois de algum tempo, ajudada por um oficial alemão que a pedido dela acaba descobrindo sobre o acidente e conseqüente morte do marido, que por sua vez havia fugido para Paris e se unido às primeiras células da resistência francesa e agora trabalhava na subversão sempre escondido por causa da sua origem judaica.
Perto do final da guerra, chega a ordem de extermínio no campo de concentração da jovem mulher que naquela situação, por pensar-se viúva e ter no militar alemão sua única fonte de apoio e esperança, acabara por ceder aos encantos do apaixonado oficial, pois ele, ao contrário do que ela pensara no início, não a estava ajudando apenas para conseguir aproveitar-se sexualmente dela, descobrira que nutria por ela carinho muito especial e a respeitava. O jovem oficial planeja então a fuga, pois agora não havia mais como protegê-la, o único caminho era a deserção. A fuga do campo não é difícil devido à sua patente, mas a jornada em direção ao exílio é difícil e perigosa que acaba por aproximá-los ainda mais.
O marido, sem desconfiar de nada do que ocorria com a esposa, continua sua luta sempre na esperança de reencontrar o amor da sua vida, e mesmo com a difícil comunicação em tempos de guerra recebe desesperado a confirmação de que todas as mulheres do campo de concentração onde estava a sua esposa foram queimadas nos fornos nazistas. O seu ódio agora era muito maior, e a única coisa que o mantinha vivo, e assim tornou-se um dos melhores e mais atuantes agentes da resistência.
Um salto no tempo nos faz encontrar o outrora jovem rapaz como um experiênte membro da polícia secreta israelense em 1985 viajando para o Brasil para investigar as comunidades de imigrantes alemães na américa do sul, em busca de criminosos de guerra nazistas, ele não descansaria enquanto houvesse um deles à solta. Ao avistar o aeroporto ele começa a relembrar tudo que aconteceu na sua vida desde aquele fatídico dia da sua abrupta separação, o acidente, a guerra, a resistência, a seguir a luta pela criação do estado de Israel e agora aqui estava ele 40 anos depois
do final da guerra com lágrimas nos olhos lembrando do lindo sorriso da sua querida esposa.
Todos no Brasil e no mundo estavam preocupados com a descoberta da possível ossada do “Anjo Negro”, o médico da SS Josef Mengele, mas ele não estava querendo encontrar corpos, queria pegar aqueles que ainda estavam vivos, e tinha pista de alguns em Santa Catarina.
Tenho que ir agora, o final eu escrevo depois tá?
Embreve às 8 horas na TV Globo com Ana Paula Arósio e roteiro adaptado por Benedito Rui Barbosa. :-P
Também tentei escrever um livro… nossa, mas quando a gente começa a auto-crítica não deixa a gente continuar… Me senti extremamente limitada quando tentei escrever… daí desisti e criei um blog… que parece que condiz melhor com essa vida corrida que todos temos.