Como você deve ter notado por toda imprensa mundial, hoje foi o dia do lançamento do Windows 10, resolvi então escrever o post que prometi em Abril, durante o Windows Build 2015. Apesar do que o meu tom otimista possa sugerir, esse não é um post patrocinado, é realmente a minha visão, baseada na minha experiência, no que vi na conferência e nos testes que fiz com o Windows 10 como integrante do programa Windows Insider.
Desde que a Microsoft anunciou que o Windows 10 traria de volta o “menu iniciar” a maioria da imprensa tomou esse detalhe de usabilidade como a principal característica desta versão do sistema operacional. É compreensível, pois essa foi a questão chave de todos odiarem o Window 8, a retirada radical (sem opção) de um elemento da interface de usuário que por anos representou a principal forma de iteração do usuário comum com o seu computador. No meu caso outras coisas incomodavam muito mais, como os hot corners, que forçava usuários de mouse ficar aproximando o cursor dos cantos de tela pra acessar opções básicas, como desligar o Windows. Entretanto ele veio com melhorias consideráveis no tempo de boot e performance em geral. É importante acrescentar também, que o Windows 8.1 resolveu praticamente todos esses problemas da versão anterior, menos o menu iniciar (que sinceramente não me faz falta).
Eu uso o Windows desde a versão 3 e desenvolvo aplicativos para esse ambiente desde a revolucionária versão “3.11 for Workgroups”, portanto passei por toda essa ascensão e queda do domínio microsoftiano do mercado de sistemas operacionais, inclusive trabalhando com versões menos conhecidas do grande público como o Windows XPe (para sistemas embarcados), Windows Me (primeira versão para celulares, pré iPhone/Android), Windows CE (para sistemas embarcados). E foi exatamente por causa dessa experiência peculiar, que durante o evento Build 2015, pude perceber que o Windows 10 representa para a Microsoft e para o mercado muito mais que “a volta do menu iniciar”, como querem rotular os jornalistas mais apressados.
Os slides acima, retirados das apresentações do time de IoT (Internet of Things) no evento, ilustram o que eu quero comentar a seguir. Pela primeira vez na história, a Microsoft conseguiu unificar as suas plataformas Windows em um único código fonte, em realmente um único sistema operacional escalável e consistente. Para o usuário final isso pode ser imperceptível, mas para nós desenvolvedores isso é um passo gigante, pois a partir de agora eu vou poder escrever um aplicativo que poderá ser utilizado, sem alterações, em um celular, um tablet, um laptop, um desktop, um Surface Hub (painel multitouch), um XBox One ou até mesmo no HoloLens (leia o post sobre teste que fiz do óculos holográfico). Claro que tamanhos de tela, e até formas de apresentação diferentes exigem adaptação, mas nada se compara com o custo de manter códigos diferentes, e filtros com diretivas de pre-compilação em código linkado.
Além da unificação da plataforma, a Microsoft desenvolveu no Windows 10, um modelo de “sanboxed app” sólido (evolução daquele lançado com o Windows 8) que vai evitar por exemplo que seu computador ou celular fique lento com tempo, por causa de instalações e desinstalações de aplicativos. Eles também criaram mecanismos para permitir que aplicações Android e iOS possam ser compiladas diretamente para Windows 10, criando o potencial de um rápido aumento na quantidade de aplicativos disponíveis para os celulares, tablets e por que não desktops que rodam Windows 10. Se alguma empresa que tem um aplicativo popular para iPad que com pequenos ajustes e uma compilação apenas pode ser empacotado e vendido para milhões e milhões de usuários do Windows no mundo, por que essa empresa não faria isso?
A resposta para essa pergunta é que a gigante de Redmond está ansiosamente esperando receber após esse lançamento. Se a comunidade realmente “give a try” e adotar esse modelo, adaptando seus apps para Windows 10 (nunca foi tão fácil e barato), a Microsoft imediatamente pode vir a ter a maior App Store do mercado, ou pelo menos se essa (improvável) migração em massa não acontecer, será um player real no mercado.
Ok, isso é arretado para o pessoal de Android e iOS mas e para nós, os desenvolvedores .Net, que investimos anos e anos de nossa carreira criando software para Windows? Além do fato que comentei acima de agora podemos desenvolver aplicativos que rodam e vários devices diferentes rodando Windows 10, com o lançamento do Visual Studio 2015 (também esse mês), podemos agora compilar nossos aplicativos para celulares e tablets Android, iPhone, iPod e iPad, além de outra possibilidade interessante: Poderemos empacotar nossos programas antigos (x86) como apps para Windows 10, inclusive podendo vendê-los na Windows Store.
Em resumo, o que está por trás desse lançamento de hoje é a aposta final da Microsoft para garantir um futuro para a plataforma Windows no mercado de usuários finais. No mercado corporativo a aposta é outra, envolve o a plataforma cloud Azure mas isso é tema para um outro post.